Wednesday, September 29, 2010

A valsa do rato










Não há palavras para descrever a beleza das imagens que o Telescópio Espacial Hubble envia para a Terra. Este “espião do espaço”, a sondar o Universo com o equipamento mais sofisticado, vai-nos surpreendendo com a descoberta de acontecimentos astronómicos que fazem parte da essência do próprio Universo, em constante evolução e mudança.
A Advanced Camera for Surveys (ACS) do Hubble fixou a imagem da colisão astronómica de duas galáxias em espiral, perfeitamente abraçadas numa “dança celestial”.
Baptizada de “O Rato” – como o instantâneo sugere – a sua cauda e parte da cabeça, são estrelas jovens, gás e poeiras emanadas pelas galáxias. O par, provavelmente, fundiu-se em uma só galáxia gigante. Também conhecida por NGC 4676, encontra-se na Constelação Coma Berenices(1) , a 300 milhões de anos luz dos terráqueos. O Hubble também monta um cenário de fundo com longínquas galáxias.
Uma simulação feita por computador (J. Barnes e J. Hibbard) mostra que a fotografia capta a colisão de “O Rato” 160 milhões de anos após o seu íntimo encontro.
Este espectáculo pode ser a antevisão do que acontecerá à galáxia a que pertence o Sistema Solar – a Via Láctea – dentro de alguns biliões de anos, quando colidir estrondosamente com a galáxia vizinha, Andrómeda, já que estão a aproximar-se e em rota de colisão uma com a outra.


Copérnico & Galileo


(1)A Constelação Coma Berenices deve o seu nome a uma lenda da Antiguidade Clássica, a propósito do cabelo de Berenice, mulher de Ptolomeu III rei do Egipto. E se a lenda é muito antiga, a constelação é relativamente recente, sendo introduzida na Cosmologia por Tycho Brahe (1546-1601). De acordo com a lenda, Ptolomeu empreendeu uma longa guerra contra os Assírios, que tinham morto a sua irmã. Regressando Ptolomeu vitorioso da guerra, sua mulher Berenice cortou as bonitas tranças do cabelo em oferta a Afrodite, colocando-as no altar do templo da Deusa. Ao entardecer desse dia festivo, sem se saber como e porquê, o cabelo desapareceu do sítio onde fora colocado, pondo em risco a vida dos sacerdotes responsáveis pelo templo, se não fosse recuperado. Foi o astrónomo Conon de Samos que veio em seu auxílio, proclamando que Afrodite aceitara a oferta das tranças de Berenice e que as mesmas brilhavam intensamente no céu, junto a Leão.
A Constelação é visível no Hemisfério Norte durante a Primavera e o Verão e pode ser observada entre as constelações Virgem e Ursa Maior. Beta Comae é actualmente a estrela de maior magnitude, na Constelação Coma Berenices, e a mais perto de nós – 27anos luz. Tem um diâmetro igual ao do Sol.
Posição no céu: Ascensão Recta: 12.76 horas; Declinação: 21.83 graus (ascensão recta e declinação são coordenadas que os astrónomos usam para localizar com precisão as estrelas).

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