Friday, November 24, 2006

Breviário do pensamento cosmológico - a revolução do telescópio




fig.1




fig.2


São duas revoluções seguidas: primeiro, Nicolau Copérnico publica a sua obra “De Revolutionibus Orbium Coelestium” (Tratado das Revoluções do Mundo Celeste), arrasando as teorias geocêntricas de Aristóteles e Ptolomeu, que consideravam a Terra o centro do Universo; depois dá-se a invenção do telescópio – a astronomia entra na época moderna.
É no ano de 1609 que, na Holanda, três nomes aparecem ligados à invenção de um instrumento que permitia ver os objectos à distância como se estivessem muito perto – Hans Lipperhey, Jacob Metius e Sacharias Jassen. A sua relação com o fabrico de lentes e o seu aperfeiçoamento, levara à invenção do telescópio – nome pela primeira vez utilizado por Frederico Cesi em 1611.
Mas é Galileo Galilei[1], então professor de matemática na Universidade de Pádua, que tem a noção imediata do seu interesse e valor. Chegando a notícia rapidamente a Pádua, Galileo torna o instrumento famoso, tendo desenvolvido um método de ajuste de lentes que lhe permitiu construir e usar esse instrumento na observação astronómica. Em Junho de 1609 constrói o seu primeiro telescópio com um poder de aumento de 3 x, em Agosto do mesmo ano apresenta no Senado de Veneza um instrumento com uma capacidade de aumento de 8 x e em Novembro seguinte tem já construído um telescópio com um aumento de 20 x.
É com este instrumento, no decurso do ano seguinte, que Galileo abala o mundo com os seus relatos: a superfície da Lua tinha montanhas e vales bastante parecidos com os da Terra – afinal a Lua não era uma luz perfeita como Aristóteles reivindicara. A Via Láctea era constituída por uma imensidão de estrelas, espalhadas através do céu, e não por gás luminoso, como até então se pensava. Pouco depois chega a descoberta astronómica mais importante de Galileo – entre Dezembro de 1609 e Janeiro de 1610 – a primeira observação das luas de Júpiter, à quais Galileo chama “planetas medicianos” – anunciada no seu trabalho Sidereus Nuncius (Mensageiro das Estrelas) publicado em Veneza, em Abril de 1610, e dedicado à família Medici (Medicea Sidera), o que tem influência no seu regresso à Toscana como filósofo e matemático do Grande Duque Cosimo II, em Florença.
Logo a seguir descobre-se que Vénus tem fases, como a nossa Lua, observação que, com a variação de tamanho que Galileo mede, é uma clara indicação de que se move em torno do Sol e não da Terra. Observa-se também que o Sol tem manchas.
Galileo é considerado o fundador do método experimental. Estabeleceu a lei da aceleração uniforme da queda dos corpos e a lei do isocronismo das pequenas oscilações do pêndulo, entre outras, tendo conseguido traduzi-las matematicamente. Também a ele se deve a invenção do microscópio.
Abraçou publicamente a teoria de Copérnico de um Universo heliocêntrico, como o sublinha em correspondência com Kepler: «desde há muitos anos que estou de acordo com a teoria de Copérnico...»
As suas opiniões sobre os movimentos da Terra foram denunciadas do púlpito da Catedral de Florença, por serem erróneas e contrárias às “sagradas escrituras”. Em Outubro de 1632 foi pronunciado e condenado pelo tribunal do Santo Ofício de Roma, sendo obrigado a abjurar solenemente as suas convicções científicas.

Copérnico & Galileo


fig.1 A primeira ilustração conhecida de um telescópio. Giovanpattista della Porta desenhou este esquema numa carta escrita em Agosto de 1609.

fig.2 Telescópios de Galileo.
[1] Galileo Galilei: matemático, astrónomo e físico, nasceu em Pisa em 1564 e morreu em Arceti em 1642, mais conhecido pelo desenvolvimento e uso do telescópio na astronomia.

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