Ptolomeu
[1] fundamentou um sistema geocêntrico
[2] na sua obra intitulada Syntaxis Mathematica ou Grande Astrónomo.
No séc. IX, os astrónomos árabes usavam o superlativo magiste (o maior) para se referir à obra. De magiste, ao qual foi acrescentado o artigo árabe al, surgiu o nome Almagesto
[3] (Al-Magiste), pelo qual ficou conhecido o tratado. Camões, no seu poema épico, refere-se a Ptolomeu: fala o Adamastor «Eu sou aquele oculto e grande cabo.../...Que nunca a Ptolomeu... fui notório...»
[4]... Mas o problema do movimento do Planeta Marte acabou por ser notório para Ptolomeu. Estando os planetas mais próximos da Terra do que das estrelas, parecem mover-se, ao longo do ano, entre as estrelas longínquas – as “estrelas fixas”. Esse movimento faz-se, geralmente, de oeste para leste ( ao contrário do movimento diurno que é sempre de leste para oeste). Mas em determinados períodos de tempo o movimento muda, passando a ser de leste para oeste. O movimento retrógrado pode durar vários meses (dependendo do planeta em questão), até que se torna mais lento e o planeta retoma o movimento normal (de oeste para leste). O movimento observado de cada planeta é uma combinação do movimento do planeta em torno do Sol, com o movimento da Terra também em torno do Sol. É simples de explicar quando sabemos que a Terra está em movimento, mas é difícil descrevê-lo num sistema em que a Terra está fixa – parada. Para o resolver Ptolomeu construiu um modelo geocêntrico mais completo. Explicou o movimento dos planetas através de uma combinação de círculos: o planeta move-se ao longo de um pequeno círculo chamado
epiciclo, cujo centro se move num círculo maior chamado
deferente. A Terra fica numa posição um pouco afastada do centro do deferente, isto é, o deferente é um círculo excêntrico em relação à Terra. Para dar conta do movimento não uniforme dos planetas, Ptolomeu introduziu ainda o
equante, que é um ponto ao lado do centro do deferente, oposto à posição da Terra, e em relação ao qual o centro do epiciclo se move de modo uniforme.
O seu modelo ficou conhecido por “sistema ptolomaico” e orientou o pensamento astronómico durante 14 séculos.
Copérnico & Galileo
[1] Ptolomeu: Astrónomo, matemático e geógrafo grego, viveu em Alexandria, no séc. II (90-168 d.c.).
[2] Sistema Geocêntrico (Gr. Gê, Terra + kéton, centro), adj. diz-se do sistema em que a Terra é considerada como centro do movimento dos astros. O conceito foi dominante na astronomia durante toda a antiguidade e idade média.
[3] O Almagesto foi dividido em treze livros, os quais, resumidamente, tratam do plano do Sistema Solar, da tábua das cordas e alguns conceitos de trigonometria, do movimento do Sol e da Lua, da distância entre o Sol e a Lua, da construção do astrolábio, dos eclipses, das estrelas fixas catalogadas por Hiparco, da construção do globo terrestre.
[4] Lusíadas, V-L.